terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O luxo por Contardo Calligaris

Flickr

Me deparei com esse texto do Calligaris sobre luxo. Fui obrigada a suspender meu recesso cibernético.

O luxo, Dorfles e Saint Laurent


"BASTA TRANSITAR por saguões de hotéis e salas de espera de aeroportos para descobrir que, pelo mundo afora, proliferam publicações suntuosas (papel glacê e quadricromia), cujo tema é o luxo. Nessas revistas, as matérias, em geral, exaltam a vida prazerosa de quem consome os objetos propostos nos anúncios.

Dana Thomas, em "Deluxe - Como o Luxo Perdeu o Brilho" (Campus), conta como, em poucas décadas, fabricantes artesanais de produtos quase únicos (e por isso caríssimos) se transformaram em marcas que devem boa parte de seu faturamento a acessórios industrializados, acessíveis à classe média. Eis a proposta: você não pode gastar uma fortuna para o terno ou o vestido de uma marca de luxo, mas, por um preço compatível com seus recursos, pode comprar um perfume, um cinto, uma carteira ou uma bolsa da mesma marca.

Ora, para que você deseje esse fragmento de luxo, é necessário que a marca prometa o acesso a um outro mundo, encantado: um devaneio de prazer e poder. Como?

Por exemplo, as marcas concentram seus comércios em ruas ou shoppings especializados (como o Cidade Jardim, que acaba de abrir em São Paulo), que são universos oníricos, separados das cidades reais nas quais vivemos e iguais entre si, de São Paulo a Milão. Ou ainda as marcas financiam revistas que são a imprensa dessa Disneylândia global: mulheres e homens bonitos, palácios, jatinhos e, ao lado desse catálogo do inalcançável, os acessíveis acessórios, que são chamados bens de entrada ou de ingresso.

Falando em ingresso, a modesta compra de um acessório vale mesmo como a aquisição de uma entrada de cinema, com a diferença de que, neste caso, você terá na mão um pedacinho do cenário, alimentando assim sua ilusão de fazer parte da história. Conseqüência: não é raro que alguém passe as férias hospedando-se em espeluncas ou sendo enlatado pelas companhias aéreas, mas volte triunfante com um novo acessório cujo valor teria sido suficiente para que ele vivesse férias verdadeiramente prazerosas.

Em suma, a indústria do luxo se parece, hoje, com o comércio de lembrancinhas na porta dos santuários: a posse da "relíquia" produziria a santidade do peregrino. Eu cismava nesse estado de espírito quando, logo numa revista de luxo, "THI" (fevereiro/maio 2008), entre iates e relógios, esbarrei numa entrevista concedida por Gillo Dorfles.

Dorfles, designer, pintor e professor de estética, é o autor de um grande livro, "O Devir das Artes" (Martins Fontes), que li no começo dos anos 1960 e foi minha porta de entrada na arte contemporânea. Ele tem hoje 98 anos, mas não é nada rabugento. Cito a entrevista: "O design é, sem dúvida, uma das bases de nossa vida relacional.

Com o declínio do artesanato, o objeto produzido industrialmente se tornou objeto de uso cotidiano. Do talher ao carro, dos sapatos aos esquis, do móvel ao computador, trata-se sempre de objetos produzidos em série. O design leva em conta o aspecto funcional, mas sempre com um quociente estético. Houve um aumento da esteticização da vida cotidiana pelo design, (...), enquanto em épocas anteriores, o objeto de uso era uma coisa amorfa, sem caraterísticas estéticas... A população é educada artisticamente pelo design, pela arquitetura, pela moda, muito mais do que pela escultura ou pela pintura de vanguarda".

Para Dorfles, o cuidado com a dimensão estética do mundo melhora nossa relação com as coisas, com os outros e com nós mesmos.

É fácil aplicar essa consideração, por exemplo, à obra de Yves Saint Laurent, que morreu nestes dias: sua industrialização do luxo (da alta costura ao prêt-à-porter) espalhou uma nova estética feminina que certamente contribuiu a transformar o lugar das mulheres no mundo.

Outro exemplo: quando escolho um espremedor de laranjas, meu cuidado com a forma e as cores (e não apenas com a funcionalidade) humaniza minha relação com quem, a cada manhã, espreme minha laranja.

Concluo com Dorfles. Os fragmentos de ilusão vendidos pela indústria do luxo satisfazem a incerteza narcisista de emergentes inseguros, que, não podendo comprar seu lote no "paraíso", ostentam a bugiganga promocional do empreendimento. Mas talvez, na popularização dos apetrechos do luxo, também se expresse o desejo de um mundo em que a elegância seria uma maneira gentil e mais humana de ser. Tomara que Dorfles tenha razão. "

Bom pra cacete.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

As empresas que mais respeitam o consumidor

Deu no CCSP. Os dados da 7ª edição da pesquisa “As empresas que mais respeitam o consumidor” foram divulgados hoje, em São Paulo. O estudo foi conduzido pela Shopper Experience em parceria com a revista Consumidor Moderno. Foram realizadas 1.350 entrevistas com consumidores acima de 18 anos, das classes A, B, C e D, residentes em São Paulo, Ribeirão Preto, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Entre os atributos avaliados - atendimento, qualidade dos produtos e/ou serviços, preço, propaganda (ética, séria e comprometida), responsabilidade socioambiental e monitoramento do índice de satisfação dos clientes por meio de pesquisas. Abaixo, a lista das empresas que mais respeitam os consumidores.


CONSUMO

ALIMENTOS: Cosan Alimentos/União (77%)

REFRIGERANTES: Coca-Cola (69%)

HIGIENE E LIMPEZA: Bombril (65%)

HIGIENE PESSOAL E PERFUMARIA: Johnson&Johnson (65%)

CERVEJA: Ambev (46%)



INDÚSTRIA

ARTIGOS ESPORTIVOS: Adidas (69%)

COMPUTADOR PESSOAL: Apple (67%)

CELULAR: Nokia (57%)

ELETROELETRÔNICOS: Sony (57%)

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA: Medley (56%)

AUTOMÓVEIS: Honda (53%)

CALÇADOS: Vulcabrás/Azaléia (53%)

ELETRODOMÉSTICOS: Philips (49%)


VAREJO

FARMÁCIAS: Panvel Sul (61%)

FAST FOOD: McDonald´s (53%)

TÊXTIL / LOJAS DE ROUPAS: C&A (48%)

HIPERMERCADOS: Carrefour (41%)

ELETRODOMÉSTICOS E ELETROELETRÔNICOS: Casas Bahia (35%)



SERVIÇOS

PREVIDÊNCIA PRIVADA: Porto Seguro (52%)

CARTÃO DE CRÉDITO (BANDEIRA): VISA (51%)

REVISTAS: Editora Abril (50%)

JORNAIS: Folha de S. Paulo (47%)

SAÚDE (ASSISTÊNCIA MÉDICA): Amil (47%)

GÁS DE COZINHA: Ultragaz (45%)

POSTO DE COMBUSTÍVEL: Petrobras (45%)

ENERGIA ELÉTRICA: Cemig (44%)

EMISSORA DE TV: TV Globo (41%)

PROVEDOR DE INTERNET: Terra (41%)

BENEFÍCIO REFEIÇÃO: Ticket (40%)

GÁS ENCANADO: Comgás (36%)

COMPANHIAS AÉREAS: Gol (34%)

TELEFONIA MÓVEL: TIM (33%)

BANCOS: Bradesco (30%)

TV POR ASSINATURA: Sky (30%)

TELEFONIA FIXA: Embratel (26%)

SERVIÇOS FINANCEIROS / EMPRÉSTIMO PESSOAL: Banco IBI (19%)

SERVIÇOS PÚBLICOS: CPTM (18%)

Livros sobre consumo

Nada mais clichê do que listas nesse fim de ano, vai. Aproveitando esse embalo, indico aqui três livros sobre consumo que eu li em 2009 e curti muito. São eles:

Felicidade Paradoxal, A
De Gilles Lipovetsky

"Um dos mais polêmicos e profícuos pensadores da atualidade, Lipovetsky dedica-se a estudar o universo de consumo e o comportamento dos indivíduos na contemporaneidade desde seu A era do vazio, de 1983. Em A Felicidade Paradoxal, esse estudo chega a seu ápice, no que poderia ser chamada uma pequena história do consumo privado atual. Tentando entender a ambiguidade de uma época em que a felicidade é valor máximo, mas carrega consigo inúmeras aflições do espírito, Lipovetsky cria a tese de que, na sociedade de hiperconsumo, essa felicidade é paradoxal. De um lado, estão dadas as condições para que as aspirações individuais sejam satisfeitas pelo mercado; de outro, também estão postos os obstáculos que se contrapõem à postura hedonista do indivíduo contemporâneo. Assim, sua felicidade é uma rede complexa feita de facilidade-dificuldade, de frivolidade-reflexividade. O hiperconsumidor tem acesso ao ter, mas aspira a ser; os mais diversos prazeres sensoriais estão ao seu alcance, mas é preciso preservar a saúde, evitar os excessos, fazer regime, manter a forma. O que Lipovetsky propõe é a reavaliação da formação do indivíduo, com vistas ao fortalecimento da autonomia e da crítica, para que se possa resistir à sedução feérica da publicidade."



Lógica do Consumo, A
De Martin Lindstrom

"Estudos revelam que é preciso menos de dois segundos e meio para que um consumidor tome a decisão de comprar. As empresas sabem que têm menos de dois segundos para atrair seus olhos, capturá-lo e torná-lo um cliente. Em A Lógica do Consumo, o guru do marketing Martin Lindstrom leva o leitor aos bastidores das pesquisas que explicam por que determinado produto vende e mostra como o nosso cérebro responde aos muitos estímulos da propaganda. Num texto leve, Lindstrom apresenta casos reais de estudos de neuromarketing para desfazer mitos como, por exemplo, o impacto do sexo na mente do consumidor."



Luxo: os Segredos dos Produtos Mais Desejados do Mundo, O
De Jean Castarède

"Luxo é a palavra do momento. Está em todas as capas de revistas, em editoriais de moda e de consumo dos jornais e de programas de tevê no Brasil e no mundo. O autor, de 71 anos, foi um dos primeiros a analisar e a apostar neste tema como um objeto de estudo na área de business, administração, marketing, história e filosofia. Desde o fim da década de 80, Castarède vislumbrava o luxo como o fator fundamental do comportamento do Homem do século 21. Professor de História do Luxo, o autor aborda desde a trajetória do luxo na história da Humanidade até a gestão, marketing, empreendedorismo, as características de cada mercado (jóias, relógios, vestiário, obras de arte etc) e o luxo no século 21. O Luxo é um guia abrangente e fundamental para quem estuda, trabalha ou simplesmente quer conhecer mais sobre os produtos que consome ou sonha em consumir um dia. "


Se você também tiver alguma indicação sobre o tema, é só dar a dica pra gente.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Não precisa gritar



Olha essa. O blog ComGurus está propondo uma campanha contra a gritaria utilizada nas peças publicitárias dos anunciantes varejistas. A ideia é valorizar aspectos como qualidade, inteligência, pertinência e relevância na comunicação. Tem o meu apoio, fato.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Consumo de mídia

Aqui, um estudo do IBOPE sobre os hábitos de consumo de mídia na era da convergência. Vale a pena ler.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um pouquinho do que vem por aí

Encontrei essa apresentação da Luckie & Company, que mostra o que vai bombar em 2010. Ok, tem coisa que não é lá tão novidade, mas ainda assim, vale a pena ficar de olho.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Chá de divórcio





Chá de panela já é um evento insuportável. Imagina o que não é um chá de divórcio. Pois saiba que cada vez mais, a mulherada comemora seu triste (?) desenlace. Esperta foi a inglesa Fay Millar, que resolveu capitalizar em cima de tanta separação e está faturando com esses bolos pra lá de originais.